sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Quando entrei por aquela porta, havia uma pessoa me observando. Fechei a porta e o observador já estava do outro lado. Eu sabia que ele estava lá, mas eu não queria que ele ficasse me olhando, era constrangedor demais. Caminhei durante algum tempo e ao olhar para trás, lá estava ele. Não sei por que, mas acho que ele estava tentando se aproximar de mim, fazer algum tipo de contato. Ele vinha me seguindo esperando algum "Olá", talvez.
Comecei a correr e a me distanciar, mas ele parece ter tomado uma força e veio correndo atrás de mim. Eu não sabia quem ele era, não sabia quais eram suas intenções. Ele corria tão velozmente que logo estava correndo ao meu lado e olhando firmemente para os meus olhos. Surpreendentemente, ele me passou e corria olhando para o chão, olhando para o que vinha a minha frente.
Quando ele chegou lá na frente, começou a pedir pra que eu parasse, me pedia para não atravessar. Acho que ele viu alguma coisa no meio daquele caminho, mas eu não vi nada. Então, ele foi me mostrando um outro caminho e então, pude seguir por este, e o misterioso homem que me seguia não contou o que havia no outro caminho.

Depois de uma longa caminhada, eu estava exausta e com tanta sede que decidi parar tudo e descansar. Encostei embaixo de uma árvore, pois não avistei nenhuma fonte de água para beber. Aquele homem que vinha me observando chegou mais perto e perguntou se poderia se sentar ao meu lado. Ele disse que sabia onde eu poderia encontrar a água. Naquele momento eu já não entendia o que se passava, porque não havia nenhuma fonte ali. Perguntei onde estava a fonte e ele me mandou olhar direito, mas eu estava de olhos abertos e não via nada. Comecei a achar que este homem era louco, porque tudo o que ele via eu não conseguia ver. Continuei tentando enxergar a tal fonte, esfreguei os olhos várias vezes e continuava sem ver. Então o homem pediu pra que eu olhasse dentro dos seus olhos e quando eu fiz isso, subitamente, minha sede se foi. Perguntei como ele fizera aquilo, mas ele não disse nada, só pediu pra que confiasse nele. O homem era tão misterioso que só precisava me olhar para me deixar arrepiada. Eu não tinha medo, mas sentia um forte constrangimento, como se eu não pudesse olhar pra ele, como se não tivesse condições.
Ele perguntou se podia ser meu amigo, e depois do que ele havia feito por mim, por que não ser amiga dele? Quando aceitei, ele me abraçou, e quando me abraçou senti que meus piores e maiores erros haviam sido esquecidos. Como ele fazia isso?
Foi ali que eu contei pra ele os meus segredos e um desses segredos era a minha enorme vontade de voltar pra casa, mas eu não sabia mais qual era o caminho. Estava completamente perdida. Ele pegou minha mão e disse que sabia qual era o caminho e foi me guiando até o meu destino. Quando nós chegamos, eu o abracei e agradeci por tudo o que ele havia feito por mim:

-Obrigada, senhor. Você nem me conhecia e fez tanta coisa por mim. Mesmo naqueles momentos em que tentei correr de você, você fez o que pôde pra me proteger. Me conte, o que havia naquele caminho? Por que não me deixou passar por ele?
-Naquele caminho havia um homem e um jardim muito bonito. Este homem lhe daria mil caminhos diferentes, porém, nenhum deles te levaria para casa.
-E como você fez para matar a minha sede só com um olhar? Como você sabia o caminho de volta pra casa?

O homem sorriu, me abraçou e estendeu as mãos perguntando se eu reconhecia aquelas marcas, e nesse momento tudo fez sentido.
Ele era a água, ele era o caminho. Se eu soubesse que o homem que me protegia e que estava ali o tempo todo era ele, eu o teria amado muito mais, era só reconhecê-lo.

Se eu soubesse que o homem era Jesus.