Impetuosa e Sorrateira

Eu calei por querer

Queria algo que não tinha

Mas não saiu de mim

Do teu amor viver

Ouvi um pouco MPB

E onde está você?

Estava em todas as letras

Eu podia sentir o teu toque

Fosse em Folk ou Rock

Mas o que houve comigo?

Como num lapso uma memória

Que me raptou sem piedade

Por 15 segundos ou 10 tive vontade

De voltar atrás, de sonhar de novo...

Eu senti saudade.

Tudo é Pouco

Um pouco de tudo era o que eu queria ser

Pois pouco de muito ainda é pouco pra mim

Mas um pouco de tudo é impossível ter

Faço do viver a procura de um pouco sem fim

É Você

Ele veio pra mim

Numa brisa de verão

Quando os raios do sol me cegavam

E se transformavam em escuridão

"Já fiz meu caminho"- eu dizia

Achando que a estrada era minha

Esperando o esperado, dormia

E sempre acordava de mãos vazias

Quando dei por mim

Estava em outra estrada

Me perdi sem querer me encontrar

Mas agora ele se foi

E não sei se voltará

Agora faço meu caminho

Sem concluí-lo antes da vida

Esperando o inesperado

Suportando sua partida

Minha escolhas foram erradas

Agora eu sei quem você é

Só não me vire as costas agora

Eu quero estar em suas estradas

Pois, como sofre um pequenino

Que não conhece do amor

Assim te espero, menino

Pra que me cures dessa dor.

O Passo Compasso do Coração

Esperar é um passo de dança

Envolve a dançar, se quiser

Pensar é ballet

Caminhar é jazz

Abraçar tanto

O amar é tango

Lembra passos que dançamos

Nossos pés pisamos

Pois os passos desconhecíamos

Caímos várias vezes

Não soubemos esperar

Amar é um passo de dança

Nos ensaios sempre erramos

Muito mal nos expressamos

Até alcançarmos habilidade

Amar são passos de dança

Abraçar é tentativa

Chegar ao palco é agir

Conquistar a plateia é sair

Do primeiro degrau e sentir

Mais de perto essa dança

Que me fez querer dançar, dançar

E amar.

Canto Misterioso

Enquanto teus olhos me tocam

Ou fingem estar me tocando

Encanto-me pela genialidade

E me encontro sonhando

Beleza é pretexto à parte

A doçura é que embeleza

Mais belo tu te tornas

E meu coração se eleva

Sua ferida ainda está aberta

E eu espero até fechar

Mas, se não há reciprocidade

Não me queira magoar

Se os que observam sabem mais

Então, basta que eu fique parada

Se for um bom observador

Já matou a charada!

Louco e Sensato

O sábio é louco

Um sofista pragmático

Caracteriza-se pelo prazer

De ser um ser enigmático.

O tolo logo se expõe

Com muita loquacidade

E às críticas, nunca se opõe

Um simplório de qualidade.

Mas prefiro um sábio louco

A um tolo verborrágico

Primoroso é o sábio

Ama poucos, mas ama mais.

O tolo se apaixona demais

E seu fado é de escárnio.

És um devaneio?

Um tanto cruel

Um pouco amador

Seu toque singelo

E estranho ardor.

Por que não me nota

Com um olhar sutil?

Não admiro-te menos

Não menos que mil.

Espere-me na porta

Diga tudo que sei

Serei sua conquista

E se, pois, me amares...

Entregar-me-ei.

Às Frívolas

As que de outrora me fizeram ser

O que as de hoje não podem mais ver

Se a contemporânea escondeu o soneto

E o verdadeiro som tornou-se obsoleto.

Se as belas hoje são antiquadas

E as ocas são adoradas

Onde a Bossa sucumbiu

Não restou nem o Toquinho

É como já dizia Cartola: "O mundo é um moinho."

Esse engenho moeu os miolos

Daqueles que deveriam pensar

Que música não se faz com os olhos

Mas tão-somente, com o poder de amar.